Na decisão em que aceitou denúncia contra Diego Marques Pereira, juiz determinou que autoridade policial encaminhe objetos apreendidos para perícia criminal. Acusado agora responde pelos crimes de homicídio qualificado por feminicídio e ocultação de cadáver.
Diego Marques Pereira responde pelos crimes de homicídio qualificado por feminicídio e ocultação de cadáver. — Foto: Reproduçãohttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
A Justiça do Acre aceitou a denúncia do Ministério Público e Diego Marques Pereira virou réu pela morte da cunhada Luciana Lima de Matos, de 41 anos. Ela foi achada morta em uma área de mata próximo às Quatro Bocas, em Senador Guiomard, no interior do Acre, em abril deste ano, após três dias desaparecida.
Na decisão dessa segunda-feira (17), em que aceitou denúncia, o juiz Alesson Braz, da 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar determinou ainda que a autoridade policial encaminhe os objetos apreendidos no caso para realização de perícia criminal.
O objetivo é atender a um pedido do MP-AC para que seja averiguado se há vestígios de crime sexual nas peças de roupa de cama. Para isso, a Justiça deu um prazo de 10 dias.
Ao G1, o delegado responsável pelas investigações, Leonardo Ribeiro, disse que ainda não foi notificado sobre o pedido e que assim que receber vai encaminhar os objetos. No entanto, segundo ele, o laudo cadavérico não apontou indícios de crime sexual.
Agora réu, Pereira responde pelos crimes de homicídio qualificado por feminicídio, uma vez que a vítima tinha um grau de relacionamento com ele por ser cunhada, e ocultação de cadáver. Ele tem um prazo de 10 dias para se defender no processo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa até última atualização desta reportagem.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“A materialidade demonstra-se no boletim de ocorrência, termo de apreensão e laudo cadavérico. Já os indícios de autoria evidenciam-se pelos depoimentos das testemunhas e interrogatório do acusado”, pontuou o magistrado na decisão.
Indicou onde corpo estava
O corpo só foi achado após o próprio cunhado indicar o local onde tinha jogado a vítima. Luciana morava em Mato Grosso há muitos anos e tinha chegado no Acre para visitar a família há cerca de duas semanas. No dia 11 de abril, a vítima foi até a casa de uma irmã, no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, e sumiu.
Mesmo depois de ter assumido o crime e indicado onde achar o corpo da cunhada, em depoimento à Polícia Civil, ele mudou a versão. Ele era casado com a irmão da vítima desde 2009.
No depoimento, o suspeito disse que é usuário de drogas e que havia passado a noite usando cocaína com a vítima e que os traficantes haviam ficado desconfiado dele ter ido comprar droga pela segunda vez. Segundo o suspeito, os traficantes achavam que ela era informante de uma facção rival
Pereira conta que então às 8h, quando a mulher dele saiu para trabalhar e a filha de 8 anos dormia, dois membros de uma facção criminosa invadiram a casa e mataram a vítima estrangulada na frente dele. Depois disso, ele conta que foi obrigado a colocar o corpo da mulher no carro e dirigir até o local onde o corpo foi encontrado. Destacou ainda que não ajudou no homicídio e que estava sob ameaça. Versão que é contestada pela família.
O suspeito estava foragido de Rondônia (RO) e já tem passagens na polícia por vários crimes como homicídio e também estupro. Além disso, ele usava tornozeleira eletrônica, mas tinha rompido o aparelho. Ele permanece preso no Complexo Prisional Rio Branco.
Laudo inconclusivo
O delegado informou que o laudo cadavérico ficou como inconclusivo. “Pelo estado em que estava o corpo da vítima, eles não conseguiram identificar a causa da morte de Luciana. No laudo não veio nenhum indício de abuso sexual”, disse Ribeiro.
Com relação à versão dada pelo acusado de que dois homens teriam entrado na casa e matado a vítima, o delegado afirmou que duas pessoas ainda chegaram a ser identificadas e ouvidas, mas não ficou comprovada participação de outras pessoas no crime.
“Essas duas pessoas estavam no momento em que ele foi linchado pela população assim que voltou para o bairro, antes da chegada da polícia. Um deles até teria agredido ele no momento. Acreditamos que ele deu o nome desses dois para tirar dele [as acusações] e colocar nos outros. Eles foram ouvidos, mas nada indica participação de outras pessoas nesse crime”, afirmou.
Luciana Lima de Matos foi achada morta nesta quinta-feira (15) em estrada no Acre — Foto: Arquivo pessoal
Família contestou versão do acusado
A família de Luciana não acredita na versão dada por Diego Pereira. A filha da vítima, que pediu para não ter o nome revelado, acredita que o suspeito tentou abusar da mãe e, por não ter conseguido, acabou matando a vítima.
“[Não acredito] de jeito nenhum, tenho certeza absoluta que ele fez isso com minha mãe. A nossa família vivia com medo dele e não sei o porquê minha mãe foi para lá. Ela não tinha o conhecimento da pessoa que ele era. A família acredita que ele tentou abusar dela, até porque já responde por um caso muito parecido com esse da minha mãe em Rondônia”, lamentou.
Ainda segundo a jovem, a família tinha conhecimento dos crimes praticados por Marques, mas os familiares não mantinham contato com ele. “Quando aconteceu isso com minha mãe tivemos certeza de que foi ele. Para a gente ele é um psicopata, fez isso com minha mãe e está tentando se safar e jogar para outra pessoa”, contou.
A filha de Luciana revelou também que Diego tinha marcas de unhas pelo pescoço, nas costas e nos braços. Para ela, essas marcas mostram que a mãe tentou lutar e se livrar do suspeito antes de ser morta. “Ela lutou pela vida dela”, concluiu.
fonte: g1acre