Thalyta Rodrigues diz que seu primeiro filho morreu em decorrência da falta de oxigênio no cérebro devido demora em parto. Jovem diz que sofreu mais de uma hora para ter o bebê no Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia. MP-AC investiga caso.
Thalyta Rodrigues estava grávida do primeiro filho e diz ter sofrido violência obstétrica no hospital de Brasileia — Foto: Arquivo Pessoal
A jovem Thalyta Karollyne Rodrigues, de 21 anos, está processando dois médicos e o Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia, interior do Acre, por violência obstétrica. A mãe afirma que houve demora para realização do parto. Segundo ela, o filho nasceu sem oxigênio no cérebro e morreu quase dois meses após o nascimento.
O bebê era o primeiro filho de Thalyta. A criança chegou a ficar 43 internada na UTI, foi transferida para o Hospital da Criança em Rio Branco e morreu após receber alta e ficar uma semana com a família em casa, no interior. Thalyta diz que os médicos falaram que o bebê ficou sem oxigênio na hora do parto e, devido à demora, sofreu asfixia.
Com isso, a criança teve encefalopatia hipóxico-isquêmica, quando falta fluxo sanguíneo no cérebro. “Houve negligência, se tivessem retirado [o bebê] e não tivessem feito eu sofrer tanto. Ela [médica] queria tirar o menino com as próprias mãos. A neuropediatra perguntou como foi meu parto e falou que ele [bebê] sofreu falta de oxigênio por causa da demora no parto. Foi um parto muito sofrido, sofri muito”, lamentou.
Ao g1, a direção do hospital disse que está se inteirando do assunto e que vai se posicionar posteriormente.
Parto
Thalyta conta que procurou pela primeira vez o hospital no dia 3 de junho sentido contrações. Ela estava na 37ª semana e ficou em observação na unidade. Algumas horas depois, ela foi liberada após os profissionais afirmaram que o bebê não estava pronto para nascer.
No dia 6 de junho Thalyta voltou à unidade de saúde com três centímetros de dilatação e sentindo mais dores. A mãe ficou internada e a equipe avisou que ela seria submetida a uma cesariana. Mas, ela foi levada para a sala de parto para esperar dilatar mais.
“Acho que ficamos de 40 minutos a uma hora na sala de parto. Não tinha dilatado tudo, estava com uns sete centímetros dilatados quando a bolsa estourou. A médica dizia que estava vendo a cabeça do menino, pediam para eu fazer força, o médico subiu em cima da minha barriga, me deram uma injeção para forçar e não saía. Ouviram os batimentos do neném e viram que estavam muito baixos aí correram para a sala de cirurgia”, relembrou.
O filho de Thalyta nasceu de uma cesariana, mas, segundo ela, a criança não chorou e estava com febre. Além disso, ela falou que o bebê precisou ser reanimado pelo médico.
“Ele nasceu muito doentinho, nasceu com febre, sem chorar e todo roxo. Lembro que a enfermeira colocou compressa nele e vi o médico reanimando ele, colocando a máscara de oxigênio, reanimou e ele quis chorar. Depois levaram ele para a incubadora. Falaram para a minha mãe que quis dar uma parada cardíaca nele”, contou.
Thalyta acredita que houve também negligência médica por parte da equipe que fez o parto. Ela foi até o Ministério Público do Acre (MP-AC) para que haja responsabilização pela morte do filho. O órgão instaurou um procedimento administrativo para apurar o caso.
“Quero processar todos que estavam na sala naquele dia. Os médicos podiam ter feito a cirurgia e não fizeram”, criticou.
fonte: g1acre