O desmatamento no Brasil alcançou, em 2022, mais de 2 milhões de hectares nos seis biomas. O valor equivale a 13 vezes a área da cidade de São Paulo, segundo os dados do relatório anual do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do MapBiomas, publicado nesta segunda (12).
A plataforma resulta de uma rede colaborativa de ONGs, universidades e startups de tecnologia para análise e produção de dados sobre desmatamento e fogo, que construiu uma plataforma de acesso livre e público de dados referentes à cobertura do solo e uso da terra no Brasil.
Cerca 91% da derrubada aconteceu na Amazônia e no cerrado —caatinga, pampa gaúcho e Pantanal também registraram aumento. Na média, o país perdeu 5.128 campos de futebol por dia. O Acre foi o 8º que mais desmatou no país em 2022. Se considerados apenas os estados amazônicos, essa posição muda para o 5º lugar.
A área desmatada no Acre em 2022, segundo o MapBiomas, soma 92.531 hectares, o que corresponde a cerca de 100 mil campos de futebol. Em comparação com o ano anterior, 2021, quando foram desmatados 69.125 ha, o aumento foi de 23.406 ha. Desde 2019, quando o relatório começou a ser produzido, foram 278.634,6 ha desmatados no estado, uma média diária de 179,6 ha.
A agropecuária é o principal vetor do desmatamento no país, respondendo por 96% da destruição. Garimpo e mineração representam, respectivamente, 0,28% e 0,05%. Por outro lado, terras indígenas e quilombolas permanecem como os locais mais preservados do país, representando 1,4% da derrubada total no ano passado.
Entre os dez estados que mais desmataram, todos registraram aumento de 2021 para 2022, e o Pará lidera com 200 mil hectares a mais do que o Amazonas. Junto com Maranhão, Mato Grosso e Bahia somam 66% do total derrubado no país.
A Mata Atlântica foi o único bioma que não apresentou aumento entre 2021 e 2022, mas ficou estacionada na casa dos 30 mil hectares perdidos, número alto para o bioma, que hoje tem um quarto da sua cobertura original.
O SAD do MapBiomas reúne alertas para os seis biomas brasileiros emitidos por instituições nacionais, como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e internacionais. Em seguida, cruza essas informações e usa imagens de satélite para validá-las. A terceira etapa é o cruzamento com bases de dados existentes, antes de criar laudos para cada alerta.
Um exemplo é o cruzamento de alertas de desmatamento gerados pelo programa Deter, do Inpe, com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou o Sistema Nacional de Controle da Origem de Produtos Florestais (Sinaflor).
O documento diz que 99% da área desmatada no país no ano passado tem pelo menos um indício de irregularidade. Cerca de 9% dos alertas indicaram regiões sobrepostas a Áreas de Preservação Permanente. Por outro lado, 79% dos alertas de desmatamento emitidos em 2022 estão em imóveis rurais registrados no CAR, o que poderia facilitar a fiscalização e a ação contra ilegalidades, como o embargo da terra e limitações de crédito.
Este é o quarto ano consecutivo que o relatório é produzido pelo MapBiomas, que o define como “raio-x do desmatamento no Brasil em diferentes recortes territoriais e fundiários, também são avaliados os indícios de ilegalidade, os principais vetores do desmatamento e as ações realizadas por órgãos públicos federais e estaduais para controlar e reduzir o desmatamento no país”.
fonte: ac24horas