Yuri Matheus Cavalcante foi morto durante invasão no Conjunto Cidade do Povo em abril de 2021 — Foto: Arquivo pessoal
A Justiça do Acre retomou nesta segunda-feira (21) a audiência de instrução do grupo acusado de matar Yuri Matheus de Lima Cavalcante, de 26 anos, e ferir outras sete pessoas durante uma invasão e tiroteio no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco. O crime ocorreu em abril de 2021.
A audiência tinha sido remarcada pela 1ª Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco para esta segunda após faltarem duas testemunhas. Na última quarta (16), a juíza Luana Campos começou a ouvir as testemunhas e vítimas.
O Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) confirmou que foram ouvidos três policiais que participaram das investigações do crime. Porém, o Ministério Público Estadual (MP-AC) ainda não localizou as testemunhas ausentes.
O órgão tem até esta terça (22) para localizar essas pessoas e intimá-las. Após isso, será remarcada uma nova audiência.
Invasão e tiroteio
No dia 5 de abril do ano passado, moradores do Conjunto Habitacional Cidade do Povo, na região do Segundo Distrito de Rio Branco, viveram momentos de tensão após um grupo de criminosos armados invadir as ruas do bairro e efetuar vários disparos contra rivais.
Eles gravaram o momento da invasão e o vídeo viralizou nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver vários homens armados correndo pela rua do bairro e são efetuados vários tiros.
Na ação dos criminosos uma pessoa foi morta e outras sete ficaram feridas, sendo que uma delas ficou em estado grave e foi levada ao PS. A vítima fatal foi o preso monitorado por tornozeleira eletrônica Yuri Matheus de Lima Cavalcante. Ele estava dentro de uma lanchonete quando foi atacado com vários tiros e facadas.
Os criminosos chegaram no bairro em dois carros, segundo informações da polícia. O ataque iniciou na quadra de grama sintética da Cidade do Povo. No local, os bandidos feriram cinco homens com tiros nos pés, mãos e nádegas. Em seguida, eles correm pelas ruas atirando e uma outras duas pessoas foram baleadas no meio da rua.
Após a ação, os bandidos ainda roubaram uma caminhonete e uma motocicleta para a fuga.
MP investiga falta de base da polícia
O Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou investigação para cobrar a permanência de uma base da polícia no local.
Em janeiro de 2020, a Segurança Pública inaugurou uma base integrada no conjunto habitacional, que deveria funcionar de forma integrada entre as polícias Civil e Militar. O prometido era que 17 policiais militares ficariam disponíveis para atuar na base em regime de plantão. Após uma semana, uma denúncia feita por um ouvinte da rádio CBN Amazônia relatou que não havia a presença da Polícia Militar no local.
Na época, o subcomandante do 2º batalhão da PM, major Edvan Rogério, explicou à CBN que a PM faz atendimento no local no período de 7h às 13H e que os 17 policias estavam fixos para atendimento no conjunto.
Mais de um ano depois, o MP-AC instaurou uma notícia fato para apurar os motivos que levaram o governo a não manter a presença da PM-AC de forma fixa no conjunto habitacional. Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o promotor Tales Tranin explicou que a base do 2º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento no local, fica a mais de 10 quilômetros do conjunto.
Denunciante ouvinte da CBN alertou que base da polícia não tinha a presença fixa da PM — Foto: Murilo Lima/CBN Amazônia
O promotor Tales Tranir explicou que essa distância prejudicaria o deslocamento imediato da equipe de policiais até a localidade para atuar, caso seja necessário. Tranin afirmou que o MP quer equipes da polícia no conjunto 24 horas por dia com viatura e policiais para atender a população.
A assessoria do governo informou à Rede Amazônica que a base está em pleno funcionamento.
fonte: g1acre