• ter. nov 26th, 2024

Cidade do Acre que faz fronteira com o Peru volta a ter aumento na entrada de imigrantes

ByEdnardo

set 16, 2021

Casa de Passagem de Assis Brasil tem capacidade para atender 50 refugiados, mas chegou a receber 60 nas últimas semanas. Aumento seria devido a decreto do governo peruano que determina saída de imigrantes sem documentação regularizada no território.


Venezuelanos buscam abrigo em casa de passagem, retiram a documentação de refugiados e seguem para outros estados brasileiros  — Foto: Arquivo/Assistência Social da Casa de Passagem Otonoel de Souza M. Oliveira

Venezuelanos buscam abrigo em casa de passagem, retiram a documentação de refugiados e seguem para outros estados brasileiros — Foto: Arquivo/Assistência Social da Casa de Passagem Otonoel de Souza M. Oliveira

A Casa de Passagem que fica em Assis Brasil, cidade no interior do Acre que faz fronteira com o Peru, voltou a aumentar o fluxo de imigrantes nas últimas semanas. A Secretaria de Assistência Social Municipal informou que o abrigo chegou a instalar 60 refugiados nos últimos dias.

Nesta quinta-feira (16), a casa tem cerca de 40 refugiados, sendo a maioria venezuelanos. O aumento no fluxo seria devido ao decreto baixado pelo governo peruano que determina a saída imediata de imigrantes sem a documentação regularizada.

Com isso, a secretária de Assistência Social de Assis Brasil, Ruth Ferreira de Oliveira, explicou que os refugiados atravessam o rio até o município acreano em busca de abrigo e alimentos para retirar a documentação. Logo a após receberem a autorização, os imigrantes costumam deixar a cidade e seguem para outros estados brasileiros para procurar moradia e emprego.

“Aumentou bastante, principalmente de venezuelanos. Não param de chegar, tem hora que está com número baixo e de repente enche de novo. Teve dia que chegou a ter 65 [imigrantes]. O mínimo é 35 por dia. Eles não permanecem aqui, fazem a documentação e vão embora para outros estados. Ficam dois ou três dias e seguem caminho, é muito rápido”, destacou.

Abrigo oferece alimentação, atendimento médico, assistencial e hospedagem para imigrantes  — Foto: Arquivo/Assistencial Social  da Casa de Passagem Otonoel de Souza M. Oliveira

Abrigo oferece alimentação, atendimento médico, assistencial e hospedagem para imigrantes — Foto: Arquivo/Assistencial Social da Casa de Passagem Otonoel de Souza M. Oliveira

Segundo ela, os refugiados também ocupam hotéis, pousadas e até praças da cidade. Ruth acrescentou que a entrada maior de imigrantes é entre sexta e domingo porque eles aguardam até segunda-feira para dar entrada na documentação.

“Na casa de abrigo é esse total, mas, pelas ruas, na praça há outros. Inclusive ontem [quarta,15] fui na praça e tinham alguns embaixo de uma tenda dormindo. Nosso abrigo suporta só 50 pessoas. Daqui vão para Rio Branco, Rio Grande do Sul, São Paulo, onde tem mais empregos”, frisou.

Em fevereiro desse ano, a Ponte da Integração, que liga Assis Brasil e Iñapari, no Peru, foi ocupada por mais de 300 imigrantes. Na época, a cidade acreana chegou a ter mais de 600 imigrantes.

Imigrantes têm saído do Peru e seguido para Assis Brasil para tentar  — Foto: Arquivo/Prefeitura

Imigrantes têm saído do Peru e seguido para Assis Brasil para tentar — Foto: Arquivo/Prefeitura

Chegada de famílias

A assistente social do abrigo, Inara Holanda, contou que ultimamente tem chegado bastante famílias de venezuelanos. Ela explicou que essas famílias viviam no Peru, mas foram obrigadas a se mudar após o decreto do governo.

“A maioria é já vem com famílias e têm crianças. Atendemos da melhor forma, mas nosso abrigo não tem muita capacidade. Esse fluxo aumentou muito depois desse decreto e estamos prestando assistência da melhor forma”, disse.

Crise migratória

A situação dos imigrantes começou a ficar tensa no interior do Acre no dia 14 de fevereiro, quando eles deixaram os abrigos que ocupavam e se concentraram na Ponte da Integração. No dia 16, os estrangeiros enfrentaram a polícia peruana e invadiram a cidade de Iñapari, no lado peruano da fronteira. Depois de confronto, o grupo foi mandado de volta para Assis Brasil.

Os estrangeiros tentavam sair do Brasil usando o Acre como rota. A ponte já chegou a ser ocupada por pelo menos 300 imigrantes, na maioria haitianos. Mais de 130 caminhões chegaram a ficar retidos tanto do lado brasileiro como no peruano e o prejuízo é calculado em mais de R$ 600 mil.

A crise migratória resultou na visita do secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, que esteve no dia 19 de março em Assis Brasil para ver a situação.

Na época, Gomes chegou a se reunir com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso. Na conversa, segundo a Agência do Governo do Acre, as autoridades peruanas haviam informaram que o país avaliava uma forma de abrir a fronteira para liberar a passagem dos imigrantes.

Foi então que a União pediu a reintegração de posse contra os imigrantes que estavam acampados na ponte e a Justiça Federal deferiu o pedido no início de março. Desde então, o número de imigrantes na cidade do interior do Acre reduziu muito e a prefeitura desativou os abrigos montados em escolas. Um novo abrigo, com capacidade para 50 pessoas, foi instalado para receber os imigrantes que chegam ao município.

Rotas

São duas situações que fizeram com que o número de imigrantes crescesse na cidade de Assis Brasil; a primeira, a de imigrantes que entraram no Brasil entre 2010 e 2016 em busca de uma vida melhor e, com a crise da pandemia, tentam sair do país para seguir viagem até México, Canadá, Estados Unidos e outros países.

A segunda é que o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, libera a saída deles para o lado brasileiro, então, é uma porta de entrada para venezuelanos que buscam melhores em estados brasileiros.

Alguns dos imigrantes retidos no Acre também tentam uma rota alternativa para chegar na Bolívia e de lá seguir viagem.

fonte: g1acre

By Ednardo