“Nós somos sul-americanos, apesar de não gostarmos disso. Nós somos extremamente vulneráveis ao populismo caudilhesco, apesar de repudiarmos isso quando acontece nas republicas de banana. O Brasil virou isto, a mesma coisa. E, hoje, a discussão não pode mais deixar ao lado duas questões simples. Uma, o que aconteceu com a economia que mais crescia na história do mundo ocidental, o Brasil? Os compêndios de economia quando mencionam os anos 50, 60 e 70 dizem do Brasil um ‘milagre econômico’, o que o professor Delfim Netto repudia, porque diz que milagre é efeito sem causa, e ele sabe que havia causa, um projeto. Era um projeto, pode-se criticar, mas havia um projeto tangendo as energias do país, orientando a própria oposição. Hoje, não temos projeto de absolutamente nada. De outro lado, depois de um diagnóstico, precisamos ter uma terapêutica (…) A economia do conhecimento não é alternativa. Hoje, o mundo digital, a economia do conhecimento, os serviços sofisticados assentados numa indústria 4.0, são uma questão de vida ou morte para uma nação com as características do Brasil. Porque nossa população conhece esse padrão de conforto, de consumo, aspira acessar esse padrão de consumo e, crescentemente, está demitida de qualquer possibilidade de acessá-lo pelo estrangulamento inédito na renda.”
Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/ciro-gomes-a-economia-do-conhecimento-e-questao-de-vida-ou-morte/