Pai foi ouvido pela Polícia Civil nesta segunda-feira (24) em Porto Acre e afirmou que já recebeu o filho machucado. Ele foi ouvido e liberado para aguardar o fim das investigações em liberdade. Mãe da vítima deve ser ouvida novamente na terça (25).
Mãe denunciou agressões sofridas pelo filho de três anos que teve pés furados pelo pai — Foto: Arquivo pessoalhttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O pai da criança de 3 anos, vítima de maus-tratos ao apanhar com cipó e ter os pés furados, foi ouvido pelo delegado Marcos Sobral na manhã desta segunda-feira (24), em Porto Acre, interior do estado. Ele é o principal suspeito de agredir o filho.
Em depoimento, o pai negou as acusações e alegou que o filho já estava ferido quando o recebeu em casa e acusou a ex-companheira de maltratar o menino. Ele foi ouvido e liberado para aguardar as investigações em liberdade.
“Afirma que quando recebeu a criança ela estava com essas cicatrizes no corpo. Esclareceu para a gente que a guarda fica, praticamente, com a mãe. Nesse tempo todo ele falou que só ficou com ela em quatro oportunidades. A última vez que ficou foi essa”, destacou Sobral.
Questionado o porquê de não ter procurado a mãe quando viu o menino ferido, o homem afirmou que conversou com a mãe da criança quando foi devolvê-la.
“Esse foi um dos principais questionamentos feito a ele. Falou que procurou resolver com ela quando entregou a criança. A mãe falou que não entregou a criança daquela forma, um fica contradizendo a versão do outro. Só o que vai esclarecer isso são as testemunhas que estamos tentando coletar, o exame de corpo de delito, que já temos em mãos, as imagens são claras que a criança apresenta ferimento, mas queremos ouvir as testemunhas que viram a entrega da criança”, frisou.
Sobre os ferimentos nos pés, o pai afirmou que o filho tinha pisado em cima de espinhos em uma propriedade rural. “Os furos que apresenta nos pés ele alega que a criança estava brincando na propriedade rural, onde há espinheiros, e acabou pisando. A criança tem uma mancha de sangue no olho e o um corte no lábio. Ele afirma que foi decorrente de uma queda”, complementou Sobral.
Após a mãe da criança, Rosenilda da Cruz, fazer a denúncia, o menino passou a receber acompanhamento psicológico e dos demais profissionais da rede de assistência social do município de Porto Acre.
O caso foi registrado no sábado (15) na Polícia Civil. A mãe contou à Rede Amazônica que ela e o pai do menino são separados e que o filho foi passar um período de 15 dias com o homem, foi quando as agressões aconteceram. Ela disse que não havia histórico anterior de agressão ao menino.
Mãe será ouvida novamente
Após o depoimento do pai, a Polícia Civil vai ouvir, na terça (25), a mãe da criança novamente. Nesse novo depoimento, a mulher deve contradizer as versões dadas pelo ex-companheiro. Até o momento, a polícia já ouviu quatro pessoas, entre os pais e duas testemunhas.
“Ele alega que a criança era maltratada pela mãe, que vivia largada na rua, que aqueles cortes seriam em razão de a criança ser negligenciada pela mãe. Um jogou para o outro e estamos em busca de elementos de provas que apontem quem é o responsável pelos maus-tratos porque isso não há dúvida. Está bem demonstrado pelas imagens e exame de corpo de delito”, confirmou.
Ao G1, Rosenilda da Cruz, mãe da criança, disse que já esperava que o ex-companheiro a acusasse de maus-tratos. Contudo, afirmou que o filho já estava machucado quando foi buscá-lo e questionou o homem sobre os ferimentos. Ela se diz ainda tranquila porque nunca maltratou o menino.
“Já sabia que iria dizer isso. Só que isso não é verdade porque nunca deixei meu filho na rua. Ele já ficou sim na casa de uma senhora porque trabalho em casa de família e ela me ajuda. Tenho confiança nela, e sabia que ia me acusar. Mas, não tem provas disso. Questionei ele quando fui buscar ele, e falou que não tinha feito nada, só que tinha batido com uma sandália nele porque era desobediente. A versão dele foi de que o menino se machucou jogando bola”, defendeu.
Criança não consegue dormir
Rosenilda falou também que o filho está muito diferente, que chama palavrão, está agressivo e não consegue dormir bem. Quando é perguntado sobre o que aconteceu com o pai, o menino sente medo e fica agitado. A criança continua com acompanhamento psicológico.
“Ele não está dormindo, chora muito, chama palavrões horríveis e já chegou a me agredir. Mudou o comportamento, é uma criança totalmente diferente. Ele é agitado, mas gostava de brincar, de cantar e se divertir, mas agora não tem mais essas atitudes”, lamentou.
Laudo aponta possíveis maus-tratos contra criança de 3 anos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Laudo do corpo de delito
Conforme o laudo do exame de corpo de delito feito no Instituto Médico Legal (IML) de Rio Branco, a pedido do delegado responsável pelo caso, Marcos Sobral, foi concluído que pode configurar crime de maus-tratos se for apurado que as lesões foram dolosas e causadas pelo genitor.
No exame físico, o perito constatou a presença de várias lesões causadas por instrumento contundente em fase de cicatrização tanto no rosto da criança, como na região anterior e posterior do tronco, no membro superior esquerdo e na palma dos pés. O laudo concluiu ainda que houve “ofensa à integridade corporal ou à saúde da criança”.
Boca da criança estava completamente machucada, segundo a mãe — Foto: Arquivo pessoal
Agressões
Rosenilda relatou que o menino foi passar 15 dias com o pai e no momento em que foi buscar a criança foi ameaçada pelo suspeito que ainda teria tentado agredir a criança mais uma vez. A criança contou como foram as agressões à uma médica que fez o atendimento no PS.
“Ele é uma criança de três anos e falou que ele [o pai] usou um cipó para bater nele. Para a médica, contou que furou os pés dele e falou que se ele contasse ia machucar mais ainda. Contou que tem dor na cabeça no corpo todo. Meu filho é uma criança animada alegre, mas agora não deixa ninguém chegar perto.”
A Polícia Civil entrou com um pedido de medida protetiva para que o pai não se aproxime da criança enquanto as investigações tiverem em andamento.
fonte; g1acre