A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse em entrevista à Folha de S. Paulo que os movimentos antidemocráticos de bolsonaristas que depredaram a sede dos três poderes em Brasília, são reflexos dos crimes ambientais cometidos na Amazônia.
“Parte dessa turba enfurecida vem de práticas nos setores ligados a desmatamento, grilagem, tráfico de madeira, pesca ilegal, garimpo ilegal”, declarou Marina ao jornal.
Investigações apontam que os atos terroristas foram financiados por empresários do agronegócio, ramo majoritariamente dominado por bolsonaristas. Segundo a acreana, pessoas ligadas a esse campo, “durante o governo Bolsonaro, saíram da expectativa da impunidade que todo criminoso tem para a certeza da impunidade”.
Durante a entrevista, Marina disse que o diálogo com o agronegócio é possível. “Hoje temos um setor do agro que é incomparavelmente mais resistente, mas nós temos a experiência já aplicada das políticas públicas” e conclui afirmando que existem empresários do agro comprometidos com a agenda sustentável. “Temos uma boa base para trabalhar transversalmente o trilho dessa transição para uma agricultura de baixo carbono”.
Com Marina de volta ao MMA, Noruega e Alemanha anunciaram que irão investir novamente no Fundo Amazônia, que teve investimentos cortados durante o governo Bolsonaro, por conta do crescimento nos índices de desmatamento na Amazônia Brasileira. Questionada pela Folha se o valor disponível de 3,3 bilhões do Fundo será suficiente para completar o orçamento do Ministério, que foi drasticamente diminuído por Bolsonaro, Marina disse que precisa pensar bem sobre em quais ações o valor será investido.
“Nós temos que pensar nesse uso emergencial do Fundo Amazônia e na forma como ele foi concebido. Agora, ele vai ter que ser usado muito fortemente e emergencialmente por causa desse apagão ambiental. A necessidade de captar esses recursos hoje é enorme. Mas o objetivo estratégico é que o fundo possa ser ampliado e volte a ser usado para a bioeconomia, para a transição na área da agricultura”, explicou.
A ministra disse ainda como deverão ser as ações focadas no combate ao desmatamento na Amazônia, que já atingiu recordes históricos durante os quatro anos do governo Bolsonaro.
“Já estamos em torno de 19% a 20% de Amazônia destruída, já muito próximo do ponto de não retorno, que é ultrapassar os 20% até 25% de destruição. E isso é uma margem que você não pode arriscar. Tem que parar. O compromisso assumido pelo Brasil é de desmatamento zero até 2030”.
De volta ao MMA após 14 anos, Marina já tomou providências pontuais logo nos primeiros dias de 2023, para combater o desmatamento na Amazonia.
A ministra assinou 7 decretos relacionados ao Meio Ambiente, dentre eles um que autorizou cancelamento do programa do ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles, que tirava a autonomia de fiscais do governo federal em multar pessoas investigadas por crimes ambientais, a chamada “conciliação de multas”.
Marina trouxe volta ainda o programa que foi responsável por reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, durante os anos que esteve a frente do MMA pela primeira vez, entre 2003 e 2008.
Fonte: contilnet