É o momento de dar oportunidade para que candidatos do campo democrático digam o que estão apoiando e com que estão se comprometendo. É importante observar que eles estão reconhecendo erros do passado e, nesse caso, digo PT e PSDB, que ficaram tanto tempo no poder e não ampliaram e aprofundaram a nossa democracia, e o que apareceu [como resultado disso] foi Bolsonaro.
De onde acredita que vêm as disputas internas que vemos dentro do PSDB?
Os problemas internos do PSDB foram ficando mais rarefeitos daquele PSDB histórico, onde havia as lideranças históricas. O partido também é vítima da própria polarização que cultivou. Acredito, inclusive, que vai passar por um rearranjo. Todo esse tensionamento que foi criado, que levou a uma denúncia do Doria, vai fazer a sigla enfrentar uma reconfiguração política.
Muitos partidos podem ter problemas para superar a cláusula de barreira nas eleições deste ano. Foi pensando nisso que o Psol e a Rede acertaram a federação?
Houve uma reconfiguração no sistema político brasileiro que não permite que se tenha profusão de partidos. Criou-se um monte de mecanismos, com o argumento correto, de que não se pode existir sigla de aluguel, mas não se pensou nos partidos programáticos e que não são siglas de aluguel. As legendas que alugavam foram beneficiadas cada vez mais com o fundo partidário altamente gordo e com mais centralização do poder e menos transparência em relação ao uso dos recursos públicos. É correto que se tenha uma reconfiguração para evitar os oportunistas, mas também não é correto que se crie um sistema em que somente aqueles já estabelecidos podem existir.
A Rede e o Psol são partidos programáticos que têm pontos muito diferentes em termos de percepção. Como somos dois partidos diferentes, nós trabalhamos com a ideia de que somos necessários na democracia para alcançar determinados objetivos em benefício do país. No programa da federação, a Rede e o Psol vão ter o espaço para anunciar quem são, não é uma fusão.
O que podemos esperar em relação a uma possível candidatura sua em 22?
Existe uma discussão que vem sendo feita na Rede e fora também, por pessoas e lideranças políticas, de que em função de tudo o que está acontecendo no Brasil, eu deveria voltar para o Congresso. Estou fazendo uma reflexão que não é fácil, eu não tinha no meu horizonte retornar ao Congresso Nacional, mas estou refletindo com muito senso de responsabilidade. O meu desejo é de continuar contribuindo na política institucional ou ainda sem mandato.
fonte: contil.net