Recebendo em seus estúdios, todos os dias, as mais ilustres figuras políticas, o apresentador Antônio Muniz conhece o cenário acreano como a palma de sua mão. Não só por isso: é um profissional dos mais preocupados em checar a verdade dos fatos e levar – no programa que apresenta na TV Rio Branco e na coluna política que escreve no site O Rio Branco – tudo que acontece no mundo dos políticos.
Em tempos de eleições, o Blog do Ton teve a honra de conversar com este que é um dos mais importantes jornalistas do Acre. Ao Blog, ele falou sobre os cenários que se desenham no estado, falou sobre abordagem do tema eleições na imprensa acreana e como acredita que ficam as composições que vão às urnas este ano. Confira:
Blog do Ton: Apesar de estarmos longe das eleições e da possibilidade de muitas mudanças, já é possível enxergar alguns cenários pré-desenhados. É cedo para falarmos sobre a existência – ou não – de um segundo turno?
Antônio Muniz: Acredito ser cedo para análises mais profundas sobre os cenários eleitorais no Acre. Temos, de um lado, o governador Gladson Cameli, um candidato forte. Temos outros candidatos fortes também. Mas vou citar o exemplo do PT. O PT não tem, hoje, um candidato ao Governo definido. Quem o PT apoia? Vai para as eleições com candidato próprio? Fecha aliança com o Jenilson? Alia-se ao MDB?
Essa questão, por exemplo, é uma daquelas decisivas para vermos com mais clareza a existência ou não se um segundo turno. Então tudo pode acontecer, inclusive Gladson vencer em um primeiro turno. Se o Governo der uma guinada nesses próximos meses, ou se por algum motivo um forte adversário não empolgar, existe, sim, chances de essa eleição não ir para um segundo turno.
Blog do Ton: Muita gente defendeu que a questão do candidato de Gladson para o Senado não seria definida. Nesse atual momento, os cenários caminham para uma decisão – partindo do governador – com menos nomes do que em tempos atrás. Está afunilando. Como você vê o desenrolar desse imbróglio?
Muniz: Com o rompimento do MDB, Jéssica Sales não apoia e nem é apoiada pelo governador. O partido dela está fora da base e apesar do grau de parentesco, ambos caminham em chapas diferentes. Vanda caminha para um possível rompimento. Mailza tem o direito de ser, mas tudo leva a crer que vem para federal. A disputa ficou entre Márcia Bittar e Alan Rick, dois excelentes nomes. Ambos têm chance de ganhar, caso apenas o escolhido de Gladson vá para as urnas.
Agora, com mais candidatos saindo da chapa do governador, a esquerda pode levar.
Blog do Ton: Com a disputa nesse cenário citado, Márcia x Alan, quem você acha que leva a melhor?
Muniz: O Alan é um deputado atuante, tem em sua base de apoio segmentos fortes e faz parte de um grande partido. Mas Márcia, politicamente falando, é a mais forte de todas e possui mais chances de crescer na campanha. Não vejo outra opção para o Gladson a não ser apoiar a Márcia.
Blog do Ton: Já que estamos falando da chapa que sai da base de apoio ao governador Gladson, e pegando o gancho dessa última frase, existem setores da imprensa que acreditam em um rompimento – do governador com o senador Marcio Bittar. Você também acredita?
Muniz: Não. Não vejo um rompimento de ambos. Não seria benéfico. Quem ganharia com esse rompimento? Vejo que a imprensa aposta muito nisso, vejo reportagens plantadas, mas acredito que nenhum dos dois queira [o rompimento].
Blog do Ton: Se nenhum dos dois quer, de onde partem essas informações? Acha que elas atendem a algum interesse?
Muniz: Não tenho dúvidas. Alguns [dos interessados em veicular esse tipo de informação] estão a serviço de terceiros. Existem grupos que seriam bastante beneficiados com um possível rompimento entre o governador Gladson e o senador Marcio Bittar. Esses grupos querem desestabilizar a base que apoia a reeleição do governador.
Blog do Ton: Falando em eleições, como estão os preparativos para receber os futuros candidatos? Em qual formato: debates? Rodadas de entrevistas? Como estão os planejamentos para operação com o novo sinal, já que agora TV Rio Branco é uma afiliada Cultura?
Muniz: Estou muito animado. A mudança foi para melhor: com o novo sinal, estamos com mais liberdade e pensando até em resgatar formatos importantes, que fizeram parte da história da TV Rio Branco. Começamos isso com a volta do Tribuna Livre, semanal. Ao vivo, todos os dias às 13h – hora local, entro com o Entrevista da Tarde. A princípio, pensamos em fazer rodadas de entrevistas com todos os postulantes dos cargos majoritários e, quem sabe, até alguns proporcionais. Se nada sair dos planos, funcionará dessa forma.
Traremos em nossos estúdios os candidatos para que falem dos assuntos de interesse geral: propostas, saúde, emprego, segurança e demais temas de interesse da sociedade. Tivemos uma parceria de 23 anos com o SBT que foi muito exitosa, mas estamos muito felizes com esse novo ciclo.
Blog do Ton: Você falou em resgatar formatos importantes. Pode contar mais sobre isso?
Muniz: Sim, nossa programação ainda está sendo pensada. Alguns horários já foram resgatados e isso é bom. Algumas pessoas estavam acostumadas com nossos horários, que seguíamos à risca, mas respeitamos a programação do SBT e, durante alguns momentos, precisamos fazer adequações. Agora, com a TV Cultura, estamos voltando às origens.
Estamos pensando na volta do Bom Dia Rio Branco, com informação e prestação de serviço nas primeiras horas do dia; posso ceder o horário que estou agora para a volta do telejornal da hora de almoço e ir para as noites com o programa diário.
Estamos trabalhando bastante e tem sido muito positivo. As mudanças vieram a calhar, estamos em ano de eleições e a TV Rio Branco vai ter a oportunidade de impulsionar ainda mais sua programação local.
Deixar registrado
Preciso deixar registrado o quão prazeroso foi bater um papo com Muniz, que é um dos profissionais que me são uma inspiração. Obrigado pela oportunidade.
Novidades
Se tudo correr conforme o planejado, o telejornal matutino da TV Rio Branco um nome que vai agradar. Vamos aguardar e torcer. Quem ganha é a população, com mais opções para ficar bem informado e mais qualidade na telinha.
Muniz
Ouvir desse incrível profissional que é admirável o trabalho que temos feito neste espaço – humilde, mas feito com muito carinho – é, sem dúvidas, um importante indicador de que estamos no caminho certo. Espero encontrar Muniz mais vezes, para bate-papos ainda mais longos.
Adiado
O MDB acreano adiou o anúncio da pré-candidatura única ao Governo do Acre. A discussão se estende para o próximo dia 22. Uma pesquisa colocada em rua discute o favorito. Mara Rocha e Emerson Jarude disputam a preferência do eleitorado acreano pela sigla.
Juruá
Passado o frenesi das mudanças partidárias, agora o assunto do momento no Juruá é quem vai ter o apoio irrestrito de Gladson Cameli para a Câmara Federal. Zezinho Barbary (PP), Keiliane Cordeiro (Republicanos), Ralph Fernandes (PDT) e Luiz Gonzaga (PSDB) – este último tem situação a resolver com o partido com relação se vai a estadual ou federal– disputam pela região uma vaga na Câmara. E querem a benção do governador.
Juruá
“Não precisa ser analista político para saber que Cameli não colocará nenhum candidato debaixo do braço”. De uma liderança política local.
Tico Bolsonaro
Também das bandas do Juruá, uma figura emblemática tenta emplacar vaga na chapa do União Brasil para a Aleac: Tico Bolsonaro. Após ter recebido o título de “Bolsonaro do Juruá” pelo Coronel Ulysses, como me contou esse final de semana, Tico até tentou vaga nas Eleições 2020 como vereador. Disse que aquela não era sua hora.
Tico Bolsonaro
Após os eventos pró-Bolsonaro em 2021, afirma ter mostrado à região a imponência de seu nome e quer em 2022 ser o deputado daquela banda. É um apaixonado por Bolsonaro. Nos grupos, ele é uma figura lembrada sempre com muito humor.
Petecão
Pré-candidato ao Governo, o senador Sérgio Petecão não desiste de ter Jenilson Leite como vice na sua chapa. Desde o ano passado, ele fala em ter o ‘vice dos sonhos’. Se esse vice dos sonhos não atende pelo nome de Jenilson, seria capaz de mudar meu nome.
Vanda Mila
Fontes dentro do partido afirmam que o assunto Vanda Milani vai ser levado à mesa e tratado com muita delicadeza. Muita mesmo. O grupo da deputada, praticamente em sua totalidade, está filiado ao Republicanos.
Vanda Milan
Pelo pouco que conheço do senador Marcio Bittar, caso Vanda venha a chancelar-se candidata ao Senado, as chances de o senador dar legenda para os membros do grupo de Vanda que estão na órbita de Bittar são zero.