O deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) não pode cair em uma armadilha. Como presidente da Assembleia Legislativa, é preciso atentar para outras atribuições para além da liturgia que o cargo exige. Os protocolos que a Mesa Diretora impõe são elementares: respeito ao regimento; dar voz aos partidos menores; garantir espaço a quem representa a oposição… isso é o trivial.
Gonzaga não dará identidade à gestão dele se ficar limitado a essa ciranda. É preciso ir além. Por exemplo: qual foi o fator que mais rendeu informação negativa à Aleac nos últimos anos? Sem dúvida foi a questão da transparência.
É um problema que foi agravado na gestão do ex-presidente Ney Amorim e se estendeu desde então. Não se resolveu. E não adianta a turma do “deixa disso” tentar se amparar em obscuros dados do distante Tribunal de Contas de Santa Catarina para tratar de uma situação aqui do Acre.
Tanto é verdade que o Índice de Transparência e Governança Pública publicou em maio deste ano o ranking dos parlamentos estaduais. E adivinhe o leitor! A Assembleia Legislativa do Acre aparece com o pior desempenho. Temos a pior transparência.
Ninguém é o pior da noite para o dia. Luiz Gonzaga não pode ser responsabilizado diretamente pela atual falta de transparência na administração da Aleac. Assumiu a cadeira há apenas cinco meses. Mas ele pode ser cobrado para mudar essa situação.
E ele tem feito a lição de casa. Já foram diversas audiências com promotores e procuradores de Justiça para tratar do assunto. O que ele precisa ser é diligente e fazer as cobranças necessárias.
Outra vertente do trabalho da presidência é com o servidor da casa. Há demandas em aberto que precisam ser resolvidas.
Outra armadilha que o presidente Gonzaga não pode vacilar: o uso do cargo para fazer a política mais banal. Como já foi feito: com o argumento de “assembleias itinerantes”, recursos públicos eram, na prática, gastos para personificar a ação da Aleac em torno da presidência.
Era uma campanha descarada nas barbas do MP e sob a conivência do Executivo. Era uma farra de diárias com dinheiro que poderia ser investido em outras ações. Luiz Gonzaga precisa ser maior que isso. Precisa dar ao cargo a dimensão que o cargo exige. Simples assim.
fonte: ac24horas