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Com superlotação de abrigos, gabinete de crise solicita escritório da Agência da ONU para Refugiados no Acre

ByEdnardo

jul 6, 2023

Casa de apoio a imigrantes em cidade do Acre é uma das que estã acima da capacidade de lotação — Foto: Arquivo/Prefeitura de Assis Brasil

Casa de apoio a imigrantes em cidade do Acre é uma das que estã acima da capacidade de lotação — Foto: Arquivo/Prefeitura de Assis Brasil

Uma reunião interministerial teve início nessa terça-feira (4) em Rio Branco para discutir estratégias e soluções no atendimento a imigrantes que chegam aos abrigos do Acre. Além de representantes do estado e de municípios de fronteira, o encontro conta com a participação de comitivas dos ministérios da Defesa, da Cidadania e das Relações Exteriores, entre outras autoridades que atuam na questão migratória.

O governo estuda montar um abrigo permanente para imigrantes próximo à rodoviária de Rio Branco e solicitou a instalação de um escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) no estado.

O coordenador do gabinete de crise do estado e ex-secretário de Direitos Humanos, Lauro Santos, disse em entrevista ao Jornal do Acre 1ª Edição dessa terça que a reunião ocorre após o governo do Acre apresentar um plano de contingência e pedir a participação do governo federal. A reunião deve seguir até esta quinta-feira (6), e os participantes também devem visitar abrigos na capital e no interior.

Conforme Santos, o estado busca antecipar soluções para um cenário de crise com 400 mil imigrantes que estão na iminência de deportação no Peru, país vizinho ao Acre. Ele ressalta ainda que a crise humanitária não é um problema apenas do Acre, mas sim do país.

“Vamos visitar os abrigos em Brasiléia e EpitaciolândiaAssis Brasil e Rio Branco, e estamos colocando o cenário, a questão de termos 400 mil migrantes irregulares no Peru e que têm prazo para se regularizar até o dia 6 de novembro e, caso não se regularizem lá, serão deportados. Estamos antevendo um cenário gravíssimo, que não é um problema do Acre, é um problema do Brasil, é um problema de relações exteriores, Itamaraty, e que envolve o governo federal”, disse.

Gabinete discute alternativas para fluxo migratório no Acre em reunião nesta terça (4)

Gabinete discute alternativas para fluxo migratório no Acre em reunião nesta terça (4)

Apoio federal

 

Durante agenda no Acre em maio deste ano, o ministro da Justiça, Flávio Dino, abordou a crise migratória, e disse que é um debate que precisa ser pautado pela sensibilidade e bom senso. Para Dino, como também há brasileiros que vivem em outros países, é preciso levar em conta o princípio da reciprocidade.

O ministro esteve no Acre para anunciar a destinação de recursos e equipamentos para a segurança nas áreas de fronteira, e afirmou que o governo federal também acompanha com atenção a questão migratória, principalmente na fronteira com a Venezuela.

“Nem vamos fazer uma política que seja de liberou geral, nem uma política que quebre essa reciprocidade que nós queremos para os brasileiros e brasileiras que moram em outros países do mundo”, explicou.

No mês seguinte, em junho, técnicos do Ministério da Saúde estiveram no estado e visitaram abrigos. A comitiva prometeu subsidiar ações de melhorias no acolhimento e serviços de saúde disponibilizados para esse público, além de revelar os impactos na rede pública.

Prioridades

 

O coordenador Lauro Santos informou que na oportunidade da reunião, o estado vai apresentar áreas onde potencialmente podem ser construídos novos abrigos para imigrantes em Rio Branco.

Santos afirmou ainda que os locais também poderão ser aproveitados para abrigar a população atingida por enchentes e pessoas em situação de rua.

“A gente apresentou o plano de contingência, com algumas áreas que podem ser utilizadas para serem construídos outros abrigos, inclusive uma área na Via Verde, que é uma área próxima a Rodoviária Internacional de Rio Branco, e próxima à Upa, que são equipamentos fundamentais para o acolhimento de migrantes e que depois pode ser usado para abrigar a nossa população durante a alagação, e também para o acolhimento às pessoas em situação de rua. Não é a mesma estrutura, mas a mesma logística de aproveitamento das refeições, dos colchonetes, da água, que são comuns a essas três situações de vulnerabilidade social”, destacou.

Pedido à ONU

 

O Acre tem, atualmente, 140 imigrantes acolhidos nos abrigos de Epitaciolândia, Brasiléia, Assis Brasil e Rio Branco, segundo o coordenador.

O estado tem recebido o apoio do escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) em Manaus, por meio de doações que são encaminhadas. Porém, Santos afirma que vai solicitar a criação de uma unidade permanente no Acre, que, segundo ele, seria essencial, já que a situação na fronteira é permanente.

“A Acnur sempre ajuda a gente. Mês passado, mandaram mais de 1,5 mil doações, entre água, computadores, kits de higiene pessoal, kits de limpeza. Então, a gente tem recebido essas doações. Mas, ter uma estrutura deles aqui, é bem melhor. Eles têm a experiência internacional, ter técnicos da Acnur aqui ajuda a gente a ter mais agilidade nesse acompanhamento da crise migratória. E como a gente sabe, sempre tem migrante passando no Acre. Ter uma agência da ONU aqui não é luxo, é necessidade”, enfatizou.

FONTE: G1ACRE

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