Entre os jovens de 16 a 24 anos, pauta da descriminalização do aborto é rejeitada por evangélicos, gera divisão entre católicos e é mais apoiada por mulheres, mostra pesquisa EXAME/IDEIA.
A temática da descriminalização do aborto gera divisão entre os jovens no Brasil, mas menos entre as mulheres.
Ao todo, incluindo ambos os gêneros, há empate técnico na visão sobre o tema: 48% dos jovens são contrários a que o aborto deixe de ser crime no Brasil, enquanto 46% disseram ser favoráveis. Outros 6% não souberam responder.
Ao todo, incluindo ambos os gêneros, há empate técnico na visão sobre o tema: 48% dos jovens são contrários a que o aborto deixe de ser crime no Brasil, enquanto 46% disseram ser favoráveis. Outros 6% não souberam responder.
Já entre as mulheres nessa faixa etária, 53% se disseram favoráveis à descriminalização do aborto, enquanto 42% foram contra — uma diferença de 11 pontos percentuais. Outras 5% não souberam responder.
Entre os homens, a situação se inverte, e a maioria se disse contrária à descriminalização.
Foram ouvidas 1.000 pessoas de todo o Brasil nesta faixa etária, entre os dias 4 e 13 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
No Brasil, realizar um aborto pode render às mulheres pena de um a até três anos de prisão, em um arcabouço que, no geral, data do Código Penal de 1940.
O procedimento só é permitido em três casos: estupro, gravidez que oferece risco à vida da mulher e, segundo decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012, em casos de anencefalia, quando há malformação do cérebro do feto.
Religião e renda afetam opinião sobre aborto
Além do gênero, a visão sobre o aborto como crime na legislação varia a depender da religião e da renda dos respondentes, segundo o EXAME/IDEIA.
Os jovens evangélicos são majoritariamente contra a descriminalização (57% contra, 37% a favor).
Entre os católicos, a opinião está dividida, enquanto a pauta tem apoio majoritário entre quem disse ter outras religiões ou não ter religião alguma.
A visão favorável também é maior entre jovens cujos lares têm renda de mais de seis salários mínimos (53% a favor e 39% contra), ao passo que está dividida em outras faixas de renda.
Quando os dados são cruzados com a visão dos jovens sobre a atuação do governo federal, também questionada na pesquisa, os respondentes que avaliaram o governo federal como ótimo ou bom rejeitam mais a pauta do aborto (64% são contra).
A situação se inverte com os jovens que avaliaram o governo federal como ruim ou péssimo (57% são a favor da descriminalização do aborto e só 38% são contrários) e entre quem disse não saber avaliar o governo.
Aborto foi menos rejeitado do que maconha e armas
Embora parte dos jovens esteja dividida sobre o aborto, o tema teve menor rejeição do que outros assuntos comportamentais questionados na pesquisa EXAME/IDEIA, como a legalização da maconha e acesso a armas.
Uma possível legalização da maconha para fins recreativos, por exemplo, foi amplamente rejeitada: 61% se disseram contra e somente 34% a favor.